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Rio Preto pode ter 95 mortes e 25 mil doentes se tiver cuidado



Com o isolamento social que está sendo mantido agora pela maioria dos rio-pretenses, Rio Preto terá, no melhor dos cenários, 95 mortes provocadas pela Covid-19. Com este distanciamento precoce, serão 25.106 casos, com 547 pacientes precisando de hospitalização e 126 deles necessitando de UTI.

As projeções foram feitas nesta terça-feira, 31, durante videoconferência entre representantes do grupo de empresários Lide; Helencar Ignácio, presidente da Unimed; o prefeito, Edinho Araújo, e o secretário de Saúde, Aldenis Borim.

Os cálculos foram feitos pela Secretaria de Saúde com base em estudo do Imperial College, de Londres, que realizou projeções de como a epidemia de coronavírus vai se desenhar no Brasil. A pasta trouxe os dados para a cidade utilizando proporção. Liderados por Neil Ferguson, os cientistas comparam os possíveis impactos sobre a mortalidade em vários cenários.

As estimativas foram feitas com base nos dados da China e de países de alta renda, o que pode significar que para as nações de baixa renda a realidade possa ser ainda mais grave que a apontada no trabalho. Os pesquisadores consideram que se houvesse no Brasil uma restrição mais ampla de isolamento, e feita de modo rápido, os resultados seriam bem menos dramáticos. A eficácia do isolamento mais amplo se aplicaria em todo o mundo, de acordo com os pesquisadores.

Em Rio Preto, são 20 casos confirmados de Covid-19, sendo que sete deles estão internados e três têm menos de 60 anos - o que derruba a ideia de que apenas os idosos desenvolvem os sintomas mais severos. Outros 200 casos ainda estão em investigação. Rio Preto tem transmissão comunitária de coronavírus, o que significa que o vírus está circulando, não sendo possível mais precisar onde ocorreu a contaminação. Pacientes assintomáticos também podem transmitir.

Em um cenário diferente, com distanciamento social tardio, seriam 108,7 mil pessoas doentes com 446 mortes e 597 pacientes necessitando de UTI. A ocupação de um leito de alta complexidade pode chegar a 20 dias, o que agrava o quadro - a pessoa pode ter complicações como pneumonia, por exemplo. Haveria 2.587 deles necessitando de internação, superando a capacidade de leitos atualmente disponíveis na cidade. "Se pular uma linha, nós já não temos mais estrutura. Por isso que a gente insiste sempre: temos que manter esse distanciamento precoce", afirma Borim.

Segundo o médico, o distanciamento social - recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - não é aleatório, tendo sido analisado pelos especialistas. Mesmo que o clima dos países mais afetados, como Estados Unidos e Itália, seja mais frio, isso não afeta a gravidade da doença em quem for infectado. Além disso, está começando em Rio Preto a época de temperaturas baixas, que facilita a disseminação do vírus. "Somos um país continental. Temos dados desfavoráveis. Temos pobreza, temos favela", pontua Borim.

No pior cenário, 90% da população rio-pretense ficariam doentes, com 2.488 mortes apenas em Rio Preto. O número de pacientes que necessitariam de cuidados intensivos superaria em mais de dez vezes a quantidade de leitos disponíveis: seriam 3.179 precisando de UTI.

Na região, o cenário também é sério. Com distanciamento social precoce, seriam 59,9 mil infectados e 228 mortes. Com o tardio, o número de doentes salta para 259,6 mil, com mil mortes, 6,1 mil internados, sendo 1,4 mil em UTI - muito mais do que os de Rio Preto, que terá de abrigar grande parte desses pacientes, já que é a referência em alta complexidade na região. "Acreditamos que outras cidades estejam entre o distanciamento precoce e o tardio. É uma necessidade hospitalar que foge à nossa capacidade. Provavelmente nossa curva vai ser entre esses dois", acredita Borim.

Números  (Foto: Reprodução)

Região

Além dos casos de Rio Preto, a região tem 389 ocorrências suspeitas. Dois novos casos foram confirmados nesta terça-feira, 31. Um deles foi em Mirassol, o segundo do município. A paciente não tem histórico de viagem recente, mas na última sexta-feira, 27, buscou atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Mirassol. Ela se queixou de dores no corpo e apresentava tosse seca. No mesmo dia, devido ao seu estado de saúde, a paciente foi transferida para a Santa Casa de Rio Preto, onde permanece internada na UTI. Em Mirassol há outras 17 notificações sendo analisadas.

Votuporanga confirmou seu primeiro caso. O paciente é um profissional da saúde de 69 anos que teve atendimento como suspeito no dia 19 de março. Ele foi internado no dia 25, com sintomas, e foi transferido da Santa Casa no dia 26. O homem tem comorbidades. A cidade investiga outras 61 suspeitas.


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