Polícia

Ouvidor da PM aponta erros em abordagem de policial que culminou em morte de morador do Acapulco



O Ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Lopes, vai acompanhar a investigação da morte de Vanderlei Araújo, de 41 anos, baleado após discussão com um policial militar, no bairro Acapulco, em Fernandópolis. O caso foi registrado na última sexta-feira, 19, e ganhou repercussão no Estado após dois vídeos que registram como foi a ocorrência serem publicados em redes sociais.

"Pelo vídeo, a ação dos policiais foge ao protocolo da Polícia Militar. Primeiro na questão do uso do mata-leão, que já foi proibido. Pelo que dá para ver nas imagens, o conjunto de policiais que estavam na ocorrência teria condições de imobilizar e algemar o indivíduo, para depois conduzi-lo para a delegacia", diz o ouvidor.

A ocorrência começou depois que uma mulher de moto atropelou um ciclista, fugiu do local do acidente e se abrigou dentro de casa. Os policiais militares foram até a residência para abordá-la e alegam que foram recebidos com violência pelo marido dela.

Na versão da PM, um dos policiais atirou no morador após ser ameaçado com uma marreta. O vídeo mostra que, antes do tiro, o homem chegou a ser imobilizado pelo policial militar com um mata-leão. Em determinado momento, ele consegue se desvencilhar e entra na casa. Um policial vai atrás, aponta a arma para o homem e atira duas vezes. O vídeo mostra apenas o policial atirando. O homem não aparece nas imagens neste momento, mas policial grita para ele largar o martelo, antes apertar o gatilho. Após o disparo, o vídeo mostra o desespero dos parentes do baleado. A mulher dele chega a ser colocada no chão e algemada.

O homem baleado chegou a receber atendimento médico, mas morreu em decorrência do ferimento. O caso está sendo investigado pelas polícias Civil e Militar.

Elizeu vai solicitar que a apuração interna do caso seja feita pela Corregedoria da PM de São Paulo. "Isso é necessário para não pairar dúvidas sobre a apuração da corporação. Vamos oficiar o Ministério Público e também a Polícia Civil. A morte deste cidadão poderia ser evitada, se houvesse mais comedimento da Polícia Militar. Foi uma ação absolutamente necessária. A vida deste cidadão não poderia ser ceifada", afirma o ouvidor.

A arma do PM foi apreendida para que seja submetida a exame de perícia e de balística. Também vai ajudar na investigação o laudo pericial do exame de necrópsia, que vai apontar quais as condições físicas do homem antes de ser baleado.

A mulher do homem morto chegou a ser detida pela PM, mas depois foi solta e terá o direito de responder ao caso de atropelamento em liberdade.

A família do homem morto vai aguardar a conclusão das investigações internas das policiais civil e militar, antes de decidir se irá entrar com pedido de indenização por dano moral.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que "afastou da atividade operacional e instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar a conduta" do policial militar. O comando da PM afirmou ainda que "após investigações já realizadas em sede de inquérito e, por não comprometer as apurações, a PM torna público os dois vídeos desse caso, produzidos por populares, em nome da transparência institucional. As imagens mostram a dinâmica dos fatos e, por fim, o desfecho da ocorrência", informou a nota.


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