Educação

Estado de SP deve liberar escola privada no dia 5



O governo de São Paulo deve anunciar nesta quarta-feira, 31, que as escolas particulares podem voltar a receber na segunda-feira, 5, até 35% dos alunos, desde que sejam considerados prioritários, como crianças em fase de alfabetização, com deficiências, em educação infantil ou com necessidade de internet. Mas na capital, a Prefeitura, segundo o Estadão apurou, estuda autorizar a reabertura apenas depois de 12 ou 19 de abril.

As escolas estaduais estarão abertas apenas para alimentação e ajuda para ensino online na próxima semana. Já com base em análises de números da pandemia e reuniões com especialistas, há quase consenso na Prefeitura, da gestão Bruno Covas (PSDB), de que não é possível permitir que as aulas presenciais voltem na segunda-feira, como havia sido planejado pela própria gestão municipal.

Apesar da recomendação do Estado, as prefeituras podem ser mais restritivas. Na duas hipóteses de datas, a educação seria a primeira a reabrir na capital, mantendo ainda comércio, bares e restaurantes fechados.

O governo estadual havia decretado recesso escolar da rede até 26 de março, mas diversos municípios anteciparam feriados para toda esta semana até a Páscoa. Depois que a fase emergencial anunciada pela gestão João Doria (PSDB) foi prorrogada até dia 11 de abril, havia dúvidas sobre o que o Estado iria autorizar para semana que vem na educação. Não há ainda definição estadual sobre qual será o procedimento a partir do dia 12.

Estado e Prefeitura têm travado embates sobre a abertura das escolas durante toda a pandemia. O governo foi surpreendido quando Covas resolveu fechar totalmente a educação até o dia 5.

O Estado enfrenta atualmente elevadas taxas de óbitos, casos e ocupação de leitos, e ainda com registros de aglomerações e índice de isolamento mediano. A ocupação em UTI está em 92,3%. A média móvel de novas internações diárias caiu pela primeira vez desde 16 de fevereiro no fim de semana — redução de 1,5%.

Estudo mostra que abertura não causa impacto
Pesquisa realizada por pesquisadores brasileiros da Universidade de Zurique, na Suíça, concluiu que não houve efeito no número de casos e mortes pela covid em 131 cidades de São Paulo que reabriram as escolas entre outubro e dezembro. Esse é o primeiro estudo científico na área sobre o Brasil, foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid) e publicado na revista científica The Lancet, mas ainda não apreciado por pares.

“Não adianta só mostrar a situação dos casos antes e depois da abertura, é preciso comparar com outras cidades semelhantes que não abriram”, diz o professor da universidade e coordenador da pesquisa, Guilherme Lichand. Os resultados mostram que os casos e mortes por covid seguiram a mesma trajetória nas cidades com escolas abertas e fechadas, mas que têm infraestrutura de ensino, número de alunos, renda per capita, idade da população e outros indicadores semelhantes. A abertura não teve impacto nem em municípios mais afetados gravemente pela pandemia e não causou maior deslocamento das pessoas.

Na coletiva desta terça-feira, 30, Covas disse que a educação é uma “atividade mais que essencial”, mas que houve “no período de retorno às aulas o aumento da quantidade de focos de covid”. Dados da secretaria da Saúde indicam 857 surtos em escolas da cidade durante a abertura, mas não há relação comprovada com aumento de infecções na cidade.

A pediatra Luciana Becker acredita que no período de fase emergencial as escolas deve ficar abertas para receber alunos que precisem de alimentação ou ajuda de internet para acessar o ensino online. “Na primeira oportunidade epidemiológica, o primeiro serviço que tem de ser retomado é a escola. Se retornamos outras atividades não essenciais, há o risco de perder o momento em que podemos abrir a educação com segurança”, completa. 


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