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Donos do pátio acusam Detran de calote



A empresa terceirizada que administra o pátio de veículos do Detran fechou as portas nesta quinta-feira, dia 21, em forma de protesto. O gerente alega não ter mais condições de manter o atendimento, após dez meses de atraso de pagamento da autarquia estadual. O valor da dívida é de R$ 4 milhões, segundo a empresa.

A paralisação do pátio pode impedir as polícias Civil e Militar de apreenderem veículos irregulares na cidade. A situação já era complicada desde o mês passado, devido à superlotação de carros e motos apreendidos.

Para manifestar sua insatisfação com a falta de repasse do Detran, o proprietário afixou faixas de protesto na frente do portão de entrada do prédio, que fica no bairro Estância Jockey Club.

O administrador do pátio, Thiago da Silva Yoshi, da empresa Alves e Yoshiy Comercial e Distribuidora Ltda., afirma ter sido obrigado a paralisar o serviço por falta de condições financeiras. "A gente presta serviço desde fevereiro de 2014. Trabalhamos por seis anos tudo certo, mas desde março de 2020 o Detran não vem pagando os valores devidos. Enviamos as notas fiscais para o órgão, mas não dão resposta", diz.

Como resultado das portas fechadas, cerca de 20 caminhoneiros, de várias partes do país, que vieram até Rio Preto recolher carros apreendidos, ficaram parados por seis horas.

O caminhoneiro Josilvado Nunes de Souza, veio de Goiânia (GO) para pegar 91 veículos, comprados por meio de leilão. "Pra gente é complicado perder viagem. Vim sem saber do problema. Espero que deem um jeito de liberar", diz o caminhoneiro.

Thiago diz não entender a demora do Detran em fazer os pagamentos, porque os donos dos carros recolhem todas as taxas no Poupatempo. "As pessoas pagam as taxas de guinchamento e de estadia no pátio, recolhem, apresentam o recibo, liberamos o veículo, mas não recebemos nada depois", reclama.

De acordo com o empresário, o Detran chegou fazer um novo leilão de veículos apreendidos que foram liberados para os compradores, mas a empresa não recebeu um centavo sequer. "Enquanto o Detran não regularizar os pagamentos, não vamos mais receber nenhum veículo. Temos obrigações trabalhistas com nossos empregados e custos de manutenção do pátio, que estamos arcando sozinho." Ele diz ainda que não vai entregar carros vendidos em leilão aos compradores.

Thiago afirma que a empresa enfrenta o mesmo problema em outro pátio, em São Paulo, que está há meses sem receber o pagamento, mas não informou se pretende paralisar o atendimento também.

O comando da Polícia Militar informa que até o fechamento desta edição não tinha sido comunicado sobre o fechamento do atendimento do pátio. Os proprietários das empresas de leilão de Rio Preto não foram encontrados para comentar o caso.

Detran admite problema

Por meio de nota, o Detran informou que a empresa foi contratada por licitação pública e prestou serviços ao departamento de 2014 até 2020. "No mesmo ano, o Detran.SP realizou nova licitação que teve como vencedora a M.T.Y. Locação de Máquinas e Veículos Leves e pesados Ltda. Como a mesma descumpriu o prazo de início dos trabalhos, que seria de 60 dias, o contrato foi rescindido e uma nova licitação será realizada. Com isso, a Alves & Yoshiy vem prestando os serviços sem amparo contratual, o que impede, de acordo com a legislação vigente, que o Detran efetue o pagamento dos serviços mensalmente. O órgão avalia a possibilidade de efetuar o pagamento dos custos de operação da empresa, após efetiva comprovação, independente da comprovação do trabalho da comissão de sindicância, que permitirá o pagamento do valor total remanescente".

A autarquia estadual diz que, se houver impossibilidade de retirada de veículos, "adotará as medidas judiciais cabíveis, de forma que os cidadãos não sejam prejudicados."


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