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Covid-19 interna 42% dos pacientes contaminados em Rio Preto



Entre os 54 pacientes com coronavírus confirmados em Rio Preto, 23 ficaram internados em algum momento, uma taxa de 42%. Desses, três continuam em enfermaria e três estão em UTI - o restante teve alta. Entre os internados, sete não possuíam comorbidade alguma. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 13, pela Secretaria de Saúde.

Dos 54 pacientes, 11 estão curados, sendo quatro mulheres e seis homens, dez na faixa etária de 20 a 59 anos - os casos foram encerrados após 14 dias de isolamento - e um idoso de 60 anos, que ficou 29 dias internado. O idoso é seu Benevenuto Antônio de Melo, o primeiro paciente com Covid-19 confirmada a ser hospitalizado em Rio Preto. Três pacientes morreram: uma mulher de 79 anos e dois homens, um de 73 e outro de 43 - todos possuíam comorbidades.

André Baitello, assessor da Secretaria de Saúde, diz que a taxa de internação deve-se ao fato de que inicialmente eram testados os pacientes com mais gravidade, com queda na oxigenação. "Agora como começou a fazer em profissionais da saúde, provavelmente vai abaixando (a taxa)", avalia.

Os médicos reforçam que os jovens também são acometidos por formas graves da doença. "Ele não pode ficar dando sopa para o azar porque pode se complicar e tem que ser solidário com os outros para não transmitir", pontua Baitello.

A internação, felizmente, não significa o fim da esperança. É o que mostram histórias como a do representante comercial Benevenuto. Hospitalizado em 19 de março com síndrome gripal e insuficiência respiratória importante, ele foi internado na UTI e entubado.

A esposa de "Benê, o professor", como é conhecido carinhosamente entre os mais próximos, Rita Olivia Fernandes de Melo, psicóloga e psicanalista de 59 anos, conta que o marido viajou para São Paulo. Os primeiros sintomas da doença começaram no dia 11 e ele retornou de viagem no dia 13. Passou duas vezes por um pronto-atendimento antes de ir até o Austa. Ele tinha tosse seca e febre e no hospital a saturação já estava baixa. Ela também testou positivo, mas ficou em isolamento domiciliar, pois seus sintomas foram mais brandos. "Tive garganta raspando e um pouco de coriza, mas o mais significativo foi perda de olfato."

Rita conta que foram momentos de muita angústia. No domingo, 5, Benevenuto saiu da UTI. "A equipe do Austa foi maravilhosa desde a entrada. Ele foi o primeiro paciente entubado com Covid-19 lá. O tempo todo tive o apoio dos médicos", diz a psicanalista, que foi liberada oficialmente do isolamento no último dia 2. A alta foi no último sábado, dia 11, sob aplausos dos profissionais da saúde. "Foi maravilhoso, é um milagre, é um alívio, tudo que puder imaginar de bom. Ele está bem, vai precisar de fisioterapia, está se recuperando, está andando e vai ficar quietinho até recuperar o sistema imunológico."

O clínico geral Ronaldo Gonçalves da Silva comemorou a alta. "Para a alegria de todos nós, a história do senhor Benevenuto teve final feliz. Ele está em casa muito bem, respirando espontaneamente. Poder recuperar a saúde e salvar vidas: não há recompensa maior do que esta para nós, profissionais de saúde", disse.

Pavor
"É apavorante você chegar em um hospital e dentro de duas horas o médico falar que você vai ser entubado. Eu não quero que ninguém passe pelo que eu passei. É uma sensação única voltar. Agora vida nova, comemorar o aniversário e a alta." São as palavras do comerciante Renato Marcos Ramos, de 46 anos, morador de José Bonifácio. Ele - sem nenhum perfil de risco, sem comorbidades e tendo abandonado o cigarro há 14 anos - foi internado no dia 26 de março na ala de Covid-19 do Austa, em Rio Preto. Por si só, a história já seria de superação, não fosse um detalhe de 53 centímetros e 3,9 quilos - no dia 1º, no mesmo hospital, com o marido entubado, a esposa de Renato, Elisabeth, deu à luz ao segundo filho do casal, Pedro. O pai só pôde conhecer pessoalmente o menino nesta segunda-feira, 13, após a alta hospitalar, também sob os aplausos da equipe de saúde que cuidou dele.

Ele teve dores nas juntas, febre e perda de paladar. Depois veio a dificuldade para respirar, que se agravou dia após dia até levar à entubação e ao coma induzido, já na data da internação, e à perda de 40% da função pulmonar de Renato, que deverá ser acompanhado e fazer fisioterapia .

Elisabeth testou positivo para Covid-19, mas seus sintomas foram mais brandos, então ela só internou para o parto. O bebê nasceu sem o vírus e pode ser cuidado e amamentado pela mãe, que seguiu as recomendações da Secretaria de Saúde. "Agora é só terminar o tratamento e viver minha vida com minha família", diz o pai de Pedro e Vitor, de 2 anos.


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