Economia

Combustíveis sobem e inflação fica em 0,26% em junho, após dois meses de deflação



O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, ficou em 0,26% em junho, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado interrompe uma sequência de dois meses de deflação, em meio às consequências da pandemia de coronavírus - 0,31% e 0,38% em abril e maio, respectivamente.

A taxa foi influenciada pelo aumento nos preços dos combustíveis após reduções nos últimos quatro meses, em especial da gasolina. Com alta de 3,24%, o combustível exerceu o maior impacto individual sobre o índice, de 0,14 ponto percentual. Desde o início de maio, a Petrobras anunciou oito altas no preço da gasolina nas refinarias. Os combustíveis vinham impactando negativamente o IPCA nos meses anteriores.

No ano, o IPCA passou a acumular 0,10%, e em 12 meses, de 2,13%.

IPCA junho/2020 — Foto: Economia G1

“Houve uma alta nos preços dos combustíveis que chegou nas bombas e impactou o consumidor final. Isso alterou o grupo de Transportes e influenciou no IPCA”, detalha Pedro Kislanov, gerente da pesquisa.
O pesquisador acrescentou que "o maior impacto no mês foi o da gasolina, exatamente o oposto do observado nos últimos meses, quando era o item de maior peso negativo no índice".

Etanol (5,74%), o gás veicular (1,01%) e óleo diesel (0,04%) também registraram alta, elevando o preço dos combustíveis em 3,37%, frente à variação de -4,56% registrada em maio.

Alimentos têm maior impacto entre os grupos
O grupo com maior impacto no resultado do IPCA de junho foi alimentação e bebidas, com alta de 0,38%. Os itens já vinham em uma sequência de altas, em parte ligada à alta demanda durante a pandemia, segundo o IBGE. Em maio, o grupo já havia registrado alta, de 0,24%.

“As medidas de isolamento social, que fizeram as pessoas cozinharem mais em casa, por exemplo, ainda estão em vigor em boa parte do país. Isso gera um efeito de demanda e mantém os preços em patamar mais elevado”, explica Kislanov.
O IBGE destaca, entre os alimentos, as altas registradas em:

Carnes: +1,19%
Leite longa vida: 2,33%
Arroz: 2,74%
Feijão carioca: +4,96%
Queijo: 2,48%


Já as maiores quedas entre os alimentos vieram de:

Tomate: -15,04%
Cenoura: -8-88%
Artigos de residência têm maior taxa com alta em eletrodomésticos
Entre os grupos pesquisados pelo IBGE, a maior taxa foi registrada em artigos de residência, de 1,30%, em função da alta dos eletrodomésticos e equipamentos (2,92%) e dos artigos de tv, som e informática (3,80%). Já itens de mobiliário tiveram queda de 1,33%.

Em transportes, na contramão dos preços dos combustíveis, houve queda em passagens aéreas, de 26,01%, que contribuíram com o maior impacto individual negativo no IPCA de junho (-0,11 p.p.). Caiu também o item transporte por aplicativo (-13,95%), após alta de 5,01% em maio. Já o subitem metrô teve alta de 1,43%, refletindo o reajuste de 8,70% nas passagens no Rio de Janeiro.

A maior variação negativa entre os grupos foi registrada em vestuário, de -0,46%. As roupas femininas (-0,95%), infantis (-0,41%) e os calçados e acessórios (-0,61%) registraram recuo nos preços, enquanto as joias e bijuterias subiram 0,54%, acumulando alta de 6,50% no ano.

Já em habitação, houve queda de 1,41% nos preços do gás de botijão, e de 0,34% na energia elétrica residencial.

Veja as taxas de variação dos grupos pesquisados
Alimentação e Bebidas: 0,38%
Habitação: 0,04%
Artigos de Residência: 1,30%
Vestuário: -0,46%
Transportes: 0,31%
Saúde e Cuidados Pessoais: 0,35%
Despesas Pessoais: -0,05%
Educação: 0,05%
Comunicação: 0,75%

Serviços segue com deflação
Ao contrário dos produtos, os serviços tiveram nova deflação em junho, de -0,26%, mas menos intensa que a observada em maio, que foi de -0,45.

“Pode ser um reflexo do relaxamento das medidas de isolamento social, mas precisamos aguardar para apontar se houve, de fato, aumento da demanda”, apontou o gerente da pesquisa.
Em março, os serviços já haviam apresentado deflação, de 0,14%, refletindo o início da paralisação das atividades econômicas no país em decorrência da pandemia do coronavírus. Em abril, no entanto, o indicador teve alta de 0,25%.

“Essa alta de abril foi puxada pela alta de 15,1% nas passagens aéreas, lembrando que a coleta de preços para as passagens aéreas é feita com dois meses de antecedência, ou seja, essa alta foi medida em fevereiro”, ponderou Kislanov.


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