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Brasil registra 73 novas mortes por coronavírus; total de óbitos é de 432



O Brasil já registra ao menos 432 mortes pelo novo coronavírus, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados neste sábado (4).

Foram contabilizadas 73 novas mortes confirmadas nas últimas 24 horas. A pasta chegou a contabilizar 71 óbitos na primeira divulgação dos dados deste sábado, depois recuou e acrescentou mais duas mortes por coronavírus numa versão mais atualizada do balanço.

Com o novo balanço, o país também já soma 10.278 casos confirmados da doença. O número representa um salto de 13,5% em relação ao dia anterior, quando foram computados 9.056 casos.

Os dados mostram que agora são apenas dois estados que ainda não registraram mortes em decorrência do novo coronavírus: Acre e Tocantins.

São Paulo continua concentrando a maior parte dos casos e dos óbitos. Foram registrados 4.466 casos e 260 mortes em decorrência do vírus. Na sequência aparecem Rio de Janeiro (1246 casos e 58 mortos) e Ceará (730 casos e 22 mortos).

O ministério, porém, tem informado que o número real de casos tende a ser maior, já que são testados apenas os pacientes em estado grave, internados em hospitais, e há casos represados à espera de confirmação.

O Ministério da Saúde afirma que não trabalha com um número previsto de óbitos, apesar de estudos em universidades realizarem estimativas para diversos países do mundo.

"Não vamos apresentar cenários de óbitos, nem máximos, nem mínimos e nem médio", informou o secretário-executivo João Gabbardo dos Reis.

Ele acrescenta que essa estimativa depende de diversos fatores, como as políticas de isolamento e a capacidade médica instalada.

No entanto, o secretário-executivo revela que a população de uma forma geral será infectada pelo novo coronavírus. Por isso, as autoridades de saúde vão concentrar os esforços para que os casos ocorram em diferentes períodos de tempo, evitando que o sistema de saúde seja sobrecarregado.

"É inevitável que todo mundo vai ter contato com o vírus", declarou o secretário-executivo, que substituiu o ministro Luiz Henrique Mandetta na entrevista coletiva de divulgação do balanço do coronavírus, na tarde deste sábado.

Gabbardo dos Reis, no entanto, informou que a maior parte das contaminações será de casos assintomáticos, quando os infectados não apresentam sintomas. Apenas uma minoria dos casos —estima-se 14%— vai necessitar de tratamento médico, com graus variados de risco de morte.

Por outro lado, o secretário-executivo afirmou que as pessoas vão criar imunidade ao ter contato com o vírus, em médio prazo. "Eu já tive? Estou imunizado. Entrando em contato com o outro, eu não transmito. Mas isso vai acontecer lentamente. O fluxo só reduz quando 50% das pessoas já estiverem imunizadas".

Portanto, acrescenta, um dos desafios será prolongar a velocidade da propagação do vírus, para que esse processo de infecção seja lento e não sobrecarregue o sistema de saúde.

O secretário-executivo do ministério não considerou preocupante o aumento na letalidade do novo coronavírus, detectado no último boletim. De acordo com ele, haverá uma tendência de redução no índice de letalidade, por conta do aumento dos testes, principalmente no estado de São Paulo. "Não vai diminuir os óbitos, mas vai aumentar os casos", diz.

O Ministério da Saúde afirma que as dificuldades em obter equipamentos e os testes de coronavírus no mercado dificulta prever quando será possível realizar os 20 milhões de testes.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde Substituto, Rodrigo Said, é possível afirmar que 290 mil testes serão realizados na próxima semana e que os outros 500 mil doados pela empresa Vale vão passar por inspeção.

"Ainda mantemos a previsão dos 20 milhões de testes. Mas são muitas variáveis que impactam e por isso não podemos prever quando vamos atingir", disse.

De acordo com o boletim epidemiológico da pasta, divulgado neste sábado e adiantado pela Folha, cinco estados brasileiros estão em transição para a fase de aceleração descontrolada de infecções: Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas.

"São estados com relação de viagem internacional maior", declarou o secretário executivo João Gabbardo dos Reis, que também citou o grande fluxo de deslocamentos internos que passam por essas unidades da federação, o que contribui para a propagação do vírus.

No entanto, Gabbardo dos Reis afirmou que uma mudança nessa dinâmica é esperada, com a chegada do inverno.

"Com o inverno, vai haver uma migração de números de casos para a região sul. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul vão apresentar número maior de casos", afirma.

Gabbardo dos Reis, no entanto, informou que a pasta considera positivo que essa dinâmica ocorra, para evitar um sobrecarregamento do sistema de saúde em uma determinada região. Dessa forma, seria possível fazer um remanejamento de leitos e equipamentos.

O Ministério voltou a defender o isolamento para evitar a propagação do vírus, tanto para grandes cidades como para municípios menores —mesmo os que não tiveram casos confirmados do coronavírus.

Gabbardo dos Reis, falando em particular de casos do Rio Grande do Sul, justificou que medidas de fechamento de comércio e interrupção de outras atividades econômicas devem ser mantidas, porque a troca de estações pode justamente alterar esse quadro.

"O momento [da liberação das atividades] vai ser quando nós estivemos mais fortes. Quando nós tivermos conseguido trazer esses equipamentos que estamos importando, os equipamentos de proteção individual que estamos importando, e distribuir isso para os estados e municípios", afirmou.​

Reportagem da Folha mostrou que equipes de atenção básica em várias cidades e estados afirmam que a subnotificação ao Ministério da Saúde de casos suspeitos tem sido gigantesca. Dizem ainda que, sem uma portaria específica do ministério, médicos têm se guiado por notas técnicas locais com orientações distintas.


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